domingo, 5 de agosto de 2007

O índio que queria voar.

A pequena águia queria voar.

Um jovem rapaz que é feliz na sua tribo, com a sua família pode-se considerar livre.

Mas apesar de ser feliz, Pequena Águia também quer voar para fora do ninho, e não é por ser índio que não tem de seguir toda uma série de normas e condutas sociais, muito pelo contrário.

Pequena Águia queria voar ao som da música, acompanhado pela Natureza. A Pachamama , mãe terra, ele oferecia o que podia. Pequena Águia adorava dançar. À noite, escapava-se da tenda e cantando alegremente a Inti, pedia desculpa por não o poder fazer de dia, que era quando Inti se mostrava em todo o seu esplendor.

A sua irmã, Kaysha, escrevia nos quipus histórias lindas de animais, da Natureza, dos deuses, de como algumas músicas eram sobre histórias tristes de outras tribos.

Pequena Águia, chegou um dia ao pé dos seus pais e estranhou não ver Kaysha, sentada na relva olhando para o vale enquanto escrevia nos seus quipus. Perguntou-lhes então por Kaysha e o pai disse-lhe que tinho ido fazer uma oferenda a Mama Killa. O jovem índio desatou a correr e chorava enquanto no céu uma águia voava, acompanhando-o, e piava agudamente. Por montes, vales e planícies, Pequena Águia continuava a correr chorando.

Ao pé de casa os pais abraçaram-se e a mãe tinha lágrimas nos olhos, apesar de não as mostrar nem chorar mesmo.

Pequena Águia sabia que a irmã não voltaria, tinha sido oferecida em sacrifício à deusa a que tanto orava. Revoltado com Mama Killa, pediu a Inti que a noite nunca chegasse e que Mama Killa não pudesse ver nada lá de cima com a forte luz de Inti a incidir sobre os Andes.

Mas a noite acabou mesmo por chegar e com ela o frio que o pequeno índio sentia e o vazio no seu coração. Tinha um longo futuro à sua frente, não compreendia por que razão Kaysha não o podia ter também. Revoltou-se então com Inti e principalmente com Viracocha. Segundo o rapaz, a culpa seria toda de Viracocha sem o qual não existiria mais nada, e desse modo, Kaysha não lhe poderia ser roubada.

Continuou sempre a andar, já desesperado e sem saber o que fazer, entretanto estava a amanhecer. Dos céus desceu algo que Pequena Águia nunca tinha visto, um dragão com asas de borboleta e presas e garras de águia. Pequena Águia olha espantado, parou mal querendo acreditar no que os seus olhos viam. O dragão dirigiu-se a ele e disse que se chamava Itzpapalotl, que era a borboleta obsidiana, uma deusa azteca. Aquele, lembrava-se de ter ouvido falar nela , mas mal podia crer que tinha a Deusa à sua frente.

Ela disse-lhe que sabia o quanto ele tinha medo da morte da irmã, perguntou-lhe se queria ser livre e voar. Tudo o que Pequena Águia mais queria era poder ser livre, ver o seu medo acalmado, não sofrer mais e voar.

Enquanto o Sol nascia e Itzpapalotl desaparecia, Pequena Águia transformou-se numa borboleta preta e voou.







Inti- Deus Sol dos Incas e outros povos peruanos

Pachamama - Terra-mãe dos Incas e outros povos peruanos

Mama Killa - Deusa do Firmamento. Deusa da Lua.

3 comentários:

  1. sem palavras... sabes k adoro ou mlhr amo indios (as) ^^' adorei mm a tua historia... obrigado por td...

    p.s. perfeito ´e pouco para o texto k escreveste

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  2. É de uma profundidade muito grande este texto. Os meus parabens!
    Ha um livro cuja literatura é muito do genero deste texto (já o li à muito tempo e por isso não te poderei dar detalhes), ele chama-se "Viagem a um mundo espiritual".

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  3. Muito obrigada, filipe. =)
    Tenho de ver se leio esse livro então. :)

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