sábado, 29 de dezembro de 2012

Espaços cinzentos por florir.

Não te escrevo mais cartas, não.
Cansei-me de te procurar nos becos sombrios das vielas, de te procurar nos anseios de uma planta do jardim, de te procurar, enfim, nos recantos das ruas por onde passo.
Uma frase ressoa, mas eu sou teimosa em escutar, o que tiver de ser teu será.. E não concordo e não alcanço. Estou aquém, presa em dores e sofrimentos que por mim gero. Ah, mas se me soltasse.. Uma esperança e uma espera de mundos melhores, de onde a felicidade é rainha, se ao menos eu me deixasse.
Se eu me deixasse ser feliz. Se conseguisse inspirar esse antídoto que faz com que tudo esteja bem. Se eu me inebriasse com essa poção.. Mas essa extasiante vida não é para mim, eu vivo de mágoas e em dores, vivo de sofrimentos constantes. Presa numa escuridão que eu criei, mas da qual não me sei soltar.
Por isso, não te escrevo mais cartas, não.

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Mendiga


Mendiga

Na vida nada tenho e nada sou;
Eu ando a mendigar pelas estradas...
No silêncio das noites estreladas
Caminho, sem saber para onde vou!

Tinha o manto do sol... quem mo roubou?!
Quem pisou minhas rosas desfolhadas?!
Quem foi que sobre as ondas revoltadas
A minha taça de oiro espedaçou?!

Agora vou andando e mendigando,
Sem que um olhar dos mundos infinitos
Veja passar o verme, rastejando...

Ah, quem me dera ser como os chacais
Uivando os brados, rouquejando os gritos
Na solidão dos ermos matagais!...

Florbela Espanca, in "Charneca em Flor"

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

P...

E quando pensas que há esperança num novo conhecimento, eis que o mundo se vira ao contrário e te diz ainda não é desta, biatch!
Sinto que perdi horas da minha vida, inutilmente...
E no entanto parecias-me já tão familiar, nunca senti esse à vontade tão instantaneamente com outra pessoa.

(...)
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E quando tens um feeling, deves acreditar nele. Ainda que não te pareça provável.
Fofinho, fofinho, fofinho!
18-12-2012


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O que te diferencia de qualquer rapaz daqueles que parece que está com o cio?
O que é que te faz querer tudo aqui e agora? Como se não houvesse amanhã.. Desta vez não vou guardar as minhas necessidades para um amanhã que pode acabar cedo demais. Vou beijar-te se é isso que sinto que me faz falta..
E parecer que me conheces tão bem, com as coisas que dizes que são habituais em mim e, no entanto, era a primeira vez que estavas comigo pessoalmente, caiu-me bem. Caíste-me bem, cais-me bem.
As conversas ao telefone, as sms com recados que se tem vergonha de dizer cara-a-cara, mas que são enviadas à frente um do outro.
És mesmo fofinho, não me canso de o dizer, super cuidadoso, cavalheiro, engraçado.
Tens algo de irresistível... só quero estar pendurada nos teus braços, beijar esses lábios suaves que meigamente beijam os meus. Esse sorriso super fofo que tens, às vezes envergonhado.
O calor do teu corpo...
As aventuras em escadas de prédios velhos do centro da cidade. A adrenalina.. , a vontade de te beijar e beijar e beijar.
E pensar que estou louca... mas que me sinto feliz contigo.
22-12-2012


Indiferença ou frigidez

Será indiferença ou frigidez?
Aquilo que sinto quando não sinto a demasia que procuro sentir.
Procuro sentir mais, mas sabe a pouco, sabe a reles, sabe a falta de tanto..
Será que essa magia, como lhe chamo existe? Será que um dia a vou sentir?
No entretanto, fico, pois o desejo da carne é maior, e ainda que não o sinta, mal não sabe, o pouco sentir.
Preenche espaços ainda que mínimos e traz outros desejos e outras vontades ao meu íntimo.
Mas é uma questão que me acompanhará, por certo, ao longo da vida. E se nunca me sentir verdadeiramente feliz?

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Linhas distorcidas em ângulos radicais.

Os envolvimentos fazem isto..
Fazem com que pessoas que dantes tinham linhas que as uniam, hoje não tenham linhas e estejam separadas, faz com que amizades promissoras, hoje estejam de costas voltadas. E no entanto, se não tivesse havido envolvimento, aquelas pessoas poderiam ter conseguido muito unidas. E hoje, como as coisas estão,  apenas conseguem uma parte, nunca atingindo o seu potencial por inteiro.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

10 anos...

Quero relembrar-te uma vez mais, meu Anjo!
Lamento todos os anos sem ti, sem me conheceres, sem me acarinhares, sem me aconselhares.
Sem ter quem cuide de mim!

Já não és sorriso, olhar e toque em mim.
Já nem pele e carne és em mim.
És osso frio e distante.
Ossos não acarinham, não sorriem nem olham. Não abraçam, não cuidam, não nada.
E eu sinto-te como se nunca me tivesses abandonado o ser.
Sinto-te tão viva em mim.

E custa a crer que já passaram 10 anos e continuo a precisar tanto de ti.
E há um vazio onde antes havias tu. E ninguém o há-de preencher, talvez, quando eu tiver netos o possa minimamente disfarçar.