segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Contigo o meu coração não acelera, abranda

Está a chover!
As árvores recebem o doce suco vital.
Já as vejo verdejantes entre a paisagem outonal.
Contigo, o meu coração não acelera, abranda.
Algo me diz que és o tal.
Porque me acalmas a alma ansiosa, dorida.
Porque me fazes feliz a cada gesto carinhoso inesperado.
A mim que nunca tive tal sorte, a mim, que nunca fui amada.
Dormes, tranquilo, no quarto atrás de mim.
Até os heróis têm o seu merecido descanso. Antes tapaste-me, aqueceste-me com tuas palavras e feitos e agora descansas.
Já eu sou de vontades, e esta paisagem verde vivo e acastanhada, com pérolas brilhantes deixadas pela chuva aguardava incessantemente a minha vinda. Ou seria eu que a buscava, com vontade de guardá-la nos meus olhos para sempre?
A chuva acalma, faz lembrar uma fonte a sussurrar-me ao ouvido. Sinto-a deslizar por entre as pedras e cair continuamente na fonte seguinte.
Foi-se a chuva e eu vou-me também.

Covas, 28 de Dezembro de 2015, 09:37h
Poema dedicado ao meu amor.

sábado, 17 de janeiro de 2015

1º desabafo de 2015

Porque é que as pessoas fazem tudo com uma segunda intenção?
Eu não sou assim. Julgo que às vezes talvez seja demasiado inocente, tudo o que faço eu faço com o coração, porque julgo estar a dar o melhor de mim e fazer o melhor que sei, Não há cá "epá isto dá-me jeito então apesar de antes ter dito que não agora digo que sim, porque há e tal isto vai-me beneficiar em y." Não sou assim. As pessoas devem pensar em si, mas não agir com segundas intenções.

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Fantasmas à procura de uma mente para assombrar

Todos temos fantasmas guardados no roupeiro da nossa vida. Talvez eu não possa fugir dessa realidade. Eu não creio ter assim tantos por não ter vivido tanto... e talvez isso faça de mim menos tolerante ou não preparada para aceitar os fantasmas dos outros. Será isso? Até hoje os fantasmas dos outros não me fizeram mossa.. não entendo.
A verdade é que todos temos passados e bagagens que fazem de nós o que somos.
Será que não aguento aqueles fantasmas? Será que me vão assombrar  caminho? Será que vão cobrir de travessuras a minha vida? Será que se vão tornar meus? Será que o medo os aumenta e fortalece?

sábado, 16 de agosto de 2014

Saudade de fim de tarde

O dia escurece, faz-se noite diante dos meus olhos que anseiam o teu rosto. Estou longe ou estarás tu longe de mim. Sabe-me a vertigem a falta dos teus lábios suaves nos meus. Entontece-me o tanto que te penso e o tao pouco que te digo. Por vezes nao me compreendo quando cubro de nuvens cinzentas a nossa imagem espalhada no chao. Chao que me foge quando a chegada da noite é triste e me afogo em ausências. A água tão parada quase parece nao estar lá, mas se, de rajada, experimentasse mergulhar, a proxima golfada saberia a pedra, a cloro e a sangue. Porque o mais fundo parece mais raso e o mais raso mais fundo. Assim, me confundo no emaranhado do ser ou nao ser.

Tempo que passa a correr.

Passa o tempo sem que eu aqui venha, é a minha vida ultimamente. Nao páro quieta em lugar algum e o meu espírito encontra-se tão inquieto quanto o meu corpo. Sinto que nao descansei que chegasse e estou quase sem ferias. Nao me sinto renovada como queria sentir. Ainda assim acredito ter força para superar os longos meses que aí vêm. Vai ser muito trabalho, muito cansaço, mas de alguma forma sera compensador.

sexta-feira, 11 de julho de 2014

Era uma vez um menino que tinha 5 cães,o Coito, o Biscoito, o Tricoito e o Perneta ( que também era cego de um olho). A cegueira ocorrera por volta dos 10 anos de idade quando, ao tropeçar num degrau porque era perneta, caiu das escadas a baixo e aterrou com o olho direito em cima de uma faca afiada.Completamente ensopado de sangue,deparou-se com o fantasma do Natal passado e exclamou: Foda-se! Agora não, não me levas a lado nenhum, não neste estado meu! Mas os sonhos podem levar-nos a qualquer lugar. Pegam nos nossos pés como plantas de 6 centímetros arrancadas à força para serem replantadas num outro lugar qualquer. Sempre sem quererem, sem vontade ou rumo seu. Nesse caso, o isolamento era o único escape presente na sua vontade, isso e umas orgias nas reuniões de condomínio. Mas isso era uma badalhoquice tal que depressa se deixou dessas coisas. A vida no campo era muito mais fácil, mais feliz e pacífica. O tempo passa lento com um vagar que só ele pode ter. Tão lento que é, tão lento pode ser. Amanhã, ao sol raiar, quem sabe o que irá encontrar: Uma caixa com pertences e Nazis zombies? Não, eram apenas caramelos ressequidos e mal cheirosos que o Diogo lá guardara e se esquecera no Natal de há 6 anos atrás. Assim como assim, estavam fora de prazo. O calendário, esquecido e solitário na cozinha, comprovava esse facto: os dias não as horas. O que são minutos ou segundos quando o tempo nos foge, rápido, das mãos? É como se quiséssemos  contar todos os grãos de areia existentes numa praia e nos perdêssemos tanto tempo a olhar para um búzio, que todos os grãos já haviam fugido quando nos virássemos para os contar. Não eram muitos, também porque, claro, quando os corpos estão em estado de putrefacção há menos braços, pernas, parecem menos. Menos membros, menos movimentos. Menos momentos de solidão acompanhada  em sombras próprias nas caminhadas. Como espectros fatais, cada qual com seu latido, percorrendo as ruas como cães, lambendo a pata aqui, cuspindo bolas de pêlo ali . Ah, espera ! Isso são os gatos. Fica para outra história.


[em parceria com Otario Tevez ]

segunda-feira, 23 de junho de 2014

Sem título

Atordoa-me os sentidos.
Deixa-me inebriada de sensações que não saibam o que ser.
Sê a sede que me percorre o corpo fervente
ou a saciedade da água no organismo.
Seja por onde vieres, traz a costumeira calma, que se instala em mim.
Volto a ti, ferrando-te uma dentada no pescoço,
faz de conta que é nosso, este momento antecipado de prazer.
Possui-me, leva parte de mim no teu ser.
Troveja em minha alma pragas contra ti e contra o mundo,
porque todo o sonho acaba num segundo
E hoje acordei a suar pensamentos destes para fora da mente.

22/06/2014 02:00H

sexta-feira, 7 de março de 2014

Leve
Eleva-te
Supera o teu ser.
Raios de chuva caem amarguradamente
por entre a neblina de borboletas esvoaçantes que,
ao de leve, poisam nas folhas efémeras
de um verão antecipado.
Quero-te ao meu lado!
Acordares sufocados em amor e suores
Frios, quando acordo e me vejo só.
Beijo o teu beijo de adrenalina revolta.
Ando às voltas neste caminho que não me leva a lugar algum.
Hoje quis esse amor, ardor quente no meu interior.

domingo, 8 de dezembro de 2013

Se fosses viva...

Será que hoje ainda me entenderias como naqueles dias?
Será que ainda me apoiarias acima de toda a gente?
Será que ainda me protegerias?
Será que ainda me guardavas debaixo da tua asa?
Será que ainda era intocável?
Será que não teria sofrido?
Será que não teria vivido?

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Flores no cemitério

Nas letras que vejo cravadas na alva pedra fria já não há nada de ti.
Na rosa cor de rosa que te deixo não há nada de mim.
Por isso não sei se voltarei...
Já nada te identifica naquele lugar a não ser a expressão entre aspas, "Deus é amor!" Se alguma coisa foste em mim, foi sempre amor. Por saber que nada há de meu numa rosa, toquei-a o mais que pude:
Acariciei as pétalas na saudade da tua face, pouco enrugada, de olhar meigo e sorriso no rosto tal era o amor com que me olhavas;
Acariciei as folhas, quais braços, na ânsia do teu abraço.
Segurei com firmeza o caule, com a permanência com que sempre estiveste na minha vida.
Com suavidade, repetidamente, passei os dedos na pétalas, como os teus dedos passeavam na minha cara para me fazeres adormecer.
Dói-me não me veres crescer, não estares a meu lado.
É só um ano mais sem ti, um ano mais perto de te reencontrar.