domingo, 22 de julho de 2012

Melros pulantes em pereiras que florescem


Estou acordada e não consigo dormir.
A manhã amanhece lenta, cinzenta, não se vê nem uma gota de Sol.
O carro saiu ainda não eram 8H da manhã. E como é que não ouvi o portão? Nem o  carro a sair?
Cães em matilha, trabalham em equipa, lutam dia-a-dia pelo bem da sua família.  E o mundo deles é esse enquanto o meu mundo é simultaneamente tão maior e tão mais pequeno, mas cruza-se com o deles.
Uma holandesa com um ancinho, a fumar, o filho atrás numa bicicleta, o cão, bonito, branco, à frente.
Passa pela matilha, algazarra estrondosa, a holandesa grita, palavras que desconheço mas posso imaginar, enquanto bate com o ancinho no chão. 
Os pássaros fazem-me razia!
A vizinha com o carrinho de mão certamente vai apanhar mais alfaces, cebolas e pêssegos... pêssegos...
Pêssegos a apodrecer, bichos que se metem nos ouvidos (como dizia a minha avó à minha mãe quando eu e os meus irmãos éramos pequenos) a sair do pêssego quando o corto. Possivelmente a vizinha trará mais pêssegos e mais alfaces e mais cebolas.
A vizinha desapareceu na curva da estrada.
Quero dormir, mas não tenho sono. Sinto cansaço e ainda é cedo.
Penso na vida, como é efémera e tão rapidamente muda. Há um ano estava em Lima, Perú, hoje estou em Covas e daqui a um ano, exactamente, não faço ideia onde estarei.
Penso em promessas que não posso fazer.
Os pássaros esgravatam o chão à procura de minhocas e outros bichos que por lá andem.
O Sol conseguiu penetrar a imensidão das nuvens, mas o vento é demasiado fresco.
03 de Julho de 2012 09:00H

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