Quando estou mais triste, mais chateada, mais furiosa ou desolada, ou sem nenhuma razão aparente, tenho tendência a ir dar uma volta. Ouvir a minha música, enquanto estou a ver o mundo, mas sem o ver atentamente, pensando lentamente em alguns dos problemas que me incomodam ou em algo que nada tem a ver com o que me deixou naquele estado, mas que me passou pela cabeça.
Hoje decidi vir dar uma volta virtualmente.
Ia sair mas de repente não me apeteceu sair.
O escritor é, certamente, uma pessoa que gostava de ir a muitos sítios, fazer montes de coisas e acaba por as fazer através dos seus toscos rascunhos.
Esta tarde ao olhar para a janela aberta à minha frente, que me trazia cores de tons intensos, como os diferentes verdes das plantas no jardim, deu-me uma vontade de levantar vôo e planar janela afora. Ir de encontro àquele verde com uma brisa fresca na cara e nos braços.
Impossível, mas as palavras tudo podem fazer. E se eu escrever que o fiz e sentir que o fiz, até posso sentir ainda o vento na minha face, sabendo, porém, que não aconteceu e que nunca acontecerá.
Se eu sentir quer neste momento é como se estivesse a dar uma volta e a ouvir a minha música e a ter aqueles meus pensamentos, posso acreditar que a estou, de facto, a dar.
Apenas acho que não me vou sentir mais tranquila quando acabar de dar esta volta.
É preço que se paga por estar apenas a imaginá-la e não a fazê-la na realidade.
Tenho vontade ainda, de ir, de dar a minha volta.
Mas não o vou fazer.
Há 1 semana