segunda-feira, 30 de março de 2009

Vou dar uma volta.

Quando estou mais triste, mais chateada, mais furiosa ou desolada, ou sem nenhuma razão aparente, tenho tendência a ir dar uma volta. Ouvir a minha música, enquanto estou a ver o mundo, mas sem o ver atentamente, pensando lentamente em alguns dos problemas que me incomodam ou em algo que nada tem a ver com o que me deixou naquele estado, mas que me passou pela cabeça.
Hoje decidi vir dar uma volta virtualmente.
Ia sair mas de repente não me apeteceu sair.
O escritor é, certamente, uma pessoa que gostava de ir a muitos sítios, fazer montes de coisas e acaba por as fazer através dos seus toscos rascunhos.
Esta tarde ao olhar para a janela aberta à minha frente, que me trazia cores de tons intensos, como os diferentes verdes das plantas no jardim, deu-me uma vontade de levantar vôo e planar janela afora. Ir de encontro àquele verde com uma brisa fresca na cara e nos braços.
Impossível, mas as palavras tudo podem fazer. E se eu escrever que o fiz e sentir que o fiz, até posso sentir ainda o vento na minha face, sabendo, porém, que não aconteceu e que nunca acontecerá.
Se eu sentir quer neste momento é como se estivesse a dar uma volta e a ouvir a minha música e a ter aqueles meus pensamentos, posso acreditar que a estou, de facto, a dar.
Apenas acho que não me vou sentir mais tranquila quando acabar de dar esta volta.
É preço que se paga por estar apenas a imaginá-la e não a fazê-la na realidade.
Tenho vontade ainda, de ir, de dar a minha volta.
Mas não o vou fazer.

Dia 23 de Março

Mais uma vez, celebro-te e não compreendo porque o faço. Certamente um dia insignificante para ti. Actualmente também o é para mim, quase. Este ano nem dei por ele passar. Na altura foi a melhor maneira de dar as boas vindas à Primavera que recentemente se instalava. Recordo-me que estava um bonito dia. O Sol iluminava tudo, mas não emanava aquele calor estonteante, estava agradável. Como se fosse o dia perfeito para o acto perfeito, para dar um passo.
No entanto, tudo ficou sem efeito, e apenas a memória daquele dia, daquele beijo, assombra e amargura a minha vida nestes últimos anos. Sabendo que nunca vai haver nada e contudo, a presença permanente daquela memória, que simultaneamente quero esquecer e guardar.

sexta-feira, 27 de março de 2009

Porquê?

Porque é que não basta uma boa família, alguns bons amigos, bastantes conhecidos simpáticos, alguns colegas que se preocupam?
Porque não basta termos tudo à nossa volta para sermos felizes?
Porque surgem as ameaças, as chantagens quando tentamos ser adultos, quando tentamos tomar posições de adultos, e porque ao serem-nos feitas, essas chantagens, essas ameaças têm efeitos tão destrutivos e nos fazem ter reacções tão infantis que destruam toda a tentativa de sermos adultos?
Porquê estas dúvidas todas?
Porquê a tristeza?
Porquê as lágrimas todas?
Porquê o medo?
Porquê a depressão?
Porquê a repressão e opressão da tua própria pessoa?
Porquê a submissão aos outros?
Porquê o não mostrar o que, na verdade, se sente?
Porquê não o dizer, não o gritar a plenos pulmões?
É como estar preso em Liberdade.
É como estar amarrado a algo que não nos magoa, apenas nos prende e impede de sermos quem somos, como somos, e fazermos o que querermos.
Porquê não poder impor a minha vontade?
Porquê não me conseguir libertar?