quinta-feira, 6 de março de 2008

Reflexos da lua

Sento-me na janela e olho para a lua.

A lua alta, grande, lá no céu, toma a forma dos meus pensamentos, traz-me recordações de um passado, que por vezes fica tão distante, que já não o recordo mais.
Uma brisa ligeira, e os meus cabelos esvoaçam, só eu, o parapeito da janela onde me sento e a luz brilhante da lua, numa noite que ainda há pouco começou e que tem muito para me revelar.
A luz brilhante da lua ilumina o meu quarto, a rua lá em baixo e ponho-me a pensar.
Crianças, dou comigo a pensar em crianças, crianças felizes, quiçá filhos meus. Gostava de um dia ser mãe e passear por jardins com os meus pequenotes. Brincar com eles, ter todo o tempo do mundo para estar com eles, ensinar-lhes os valores que um progenitor deve ensinar.
Nisto o vento sussurra ao meu ouvido, eu sinto um arrepio nos ombros e estremeço levemente. As imagens na minha mente mudam quando volto a olhar a lua.
Penso numa carreira profissional que me satisfaça e que me torne conhecida, pode ser e certamente será um pensamento egoísta, mas é verdade, gostava de ser reconhecida por algo.
Baixo o olhar até à rua quase deserta, um gato mia, lá em baixo, vejo-o subir a uma árvore. O que será que os gatos pensam de nós? Certamente pensarão coisas diferentes, cada um é diferente do outro.
Olhando para cima, volto a cruzar o meu olhar com a lua distante, fria, lá em cima, reluzente. Penso na pessoa perfeita, nunca fiz muitos planos, queria apenas alguém verdadeiro, a quem me pudesse entregar e confiar plenamente. Alguém que gostasse verdadeiramente de mim e que gostasse de mim pela pessoa que sou. Da Beleza apenas tenho a dizer, que esta permanece apenas nos olhos de quem vê.
Uma brisa mais forte, fecho os olhos, imagino-me voar no imenso céu escuro. Na realidade pouco me prende, apenas o parapeito.
Imag
ino-me como num retrato, perfeito como todos o são, cabelos ondulados, esvoaçando com o vento, a lua no alto, muito branca, iluminando tudo em minha volta, eu sentada no parapeito da janela do meu quarto. Guardada eternamente nos olhos de um pintor.
Noto que a madruga ameaça surgir, então recolho-me.
Por hoje apenas quero a escuridão e a lua.

Noutro dia a luz me será mais necessária.
Assim me vou com sonhos que me embalam, a ternurenta lua por companheira e o vent
o a mostrar o caminho.